A gestão de riscos financeiros nunca foi tão essencial para a sobrevivência e a competitividade das empresas quanto no cenário atual. A constante flutuação de moedas, a instabilidade dos mercados globais, as mudanças abruptas em políticas monetárias e os avanços regulatórios impõem desafios complexos.
Em um cenário corporativo cada vez mais volátil, a gestão de riscos financeiros tornou-se um dos pilares da sustentabilidade empresarial. Entre os principais referenciais internacionais, a ISO 31000:2018, norma internacional para gestão de riscos corporativos, se destaca como um guia abrangente e adaptável para estruturar processos de gestão de riscos eficazes por oferecer uma estrutura sólida, adaptável e eficaz para tratar riscos financeiros de maneira estratégica, integrada e sustentável.
1. O Que é a ISO 31000 e Por Que Ela É Essencial para a Gestão Financeira?
A ISO 31000:2018 é a norma internacional que fornece princípios e diretrizes para a gestão de riscos em qualquer tipo de organização, seja pública ou privada, pequena ou grande, lucrativa ou não. Seu diferencial está na flexibilidade e adaptabilidade: a norma não é prescritiva, mas sim orientadora, permitindo que cada empresa aplique seus conceitos conforme suas necessidades específicas.
Ao contrário de normas específicas como a ISO 9001 (qualidade) ou ISO 14001 (meio ambiente), a ISO 31000 não exige certificação — mas sua aplicação se tornou um padrão global de boas práticas, especialmente em áreas sensíveis como finanças, compliance e governança corporativa.
2. Quais São os Riscos Financeiros e Como a ISO 31000 os Classifica?
A ISO 31000 orienta a estruturação de um processo sistemático para lidar com todos os tipos de risco. No universo financeiro, os principais riscos abordados são:
2.1. Risco Cambial
Variação no valor de moedas estrangeiras, impactando receitas, despesas e balanços patrimoniais. Altamente relevante para empresas que operam com importação, exportação, contratos internacionais e financiamento externo.
2.2. Risco de Crédito
Possibilidade de inadimplência de clientes, parceiros ou instituições financeiras. Afeta diretamente o fluxo de caixa, provisionamento e capital de giro.
2.3. Risco de Liquidez
Incapacidade de honrar obrigações financeiras de curto prazo, mesmo que a empresa seja solvente. Agravado em cenários de crise, retração de crédito ou interrupções de receitas.
2.4. Risco de Mercado
Flutuações nos preços de ativos financeiros, como ações, commodities, juros e índices de mercado. Relevante para empresas com tesouraria ativa ou investimentos em carteira.
2.5. Risco de Compliance Regulatória
Penalidades decorrentes do descumprimento de normas financeiras, fiscais e cambiais. Como discutido no artigo “Compliance e Conformidade Cambial”, esse risco cresce com a intensificação da fiscalização digital.
A ISO 31000 recomenda que todos esses riscos sejam tratados de maneira estruturada, integrada e contínua, e não como eventos isolados ou responsabilidade exclusiva da área financeira.
3. Como Aplicar a ISO 31000 na Gestão de Riscos Financeiros?
3.1. Princípios da ISO 31000
A norma se baseia em oito princípios fundamentais, todos aplicáveis à área financeira:
- Criação e proteção de valor: A gestão de riscos deve melhorar o desempenho, não ser apenas controle.
- Integração: O risco financeiro deve estar presente nos processos de orçamento, tesouraria e investimento.
- Estrutura personalizada: Deve refletir a realidade financeira da empresa, seu porte e complexidade.
- Inclusão: Todas as áreas que geram ou consomem recursos financeiros devem participar do processo.
- Dinamicidade: O ambiente financeiro muda rapidamente — a gestão de riscos também precisa mudar.
- Melhoria contínua: A eficácia dos controles deve ser avaliada periodicamente.
- Base para tomada de decisões: Toda decisão com impacto financeiro deve considerar riscos associados.
- Sistematicidade e lógica: O processo deve ser documentado, auditável e com responsabilidade definida.
3.2. Estrutura de Governança
A ISO 31000 propõe uma estrutura com os seguintes componentes:
- Política de Gestão de Riscos Financeiros: Documento que define responsabilidades, limites, objetivos e apetite ao risco.
- Cultura e competência: Formação de lideranças e profissionais capazes de compreender e tratar riscos financeiros.
- Mecanismos de reporte: Relatórios periódicos com indicadores e alertas de risco.
3.3. Processo de Gestão
A norma propõe cinco etapas interligadas:
- Identificação de Riscos
- Quais eventos podem impactar a estabilidade financeira? (ex.: desvalorização cambial, inadimplência, aumento de juros)
- Análise de Riscos
- Estimativa de probabilidade e impacto. Análises quantitativas e qualitativas.
- Avaliação de Riscos
- Priorização com base em critérios de risco aceitável (tolerância e apetite ao risco).
- Tratamento dos Riscos
- Seleção de estratégias: aceitar, mitigar, transferir ou evitar o risco.
- Monitoramento e Revisão
- Revisão periódica do cenário, auditoria dos controles, avaliação da eficácia.
4. Aplicação Prática em Riscos Cambiais, de Crédito e Liquidez
4.1. Exemplo: Gestão de Riscos Cambiais
- Identificação: Exposição a variação do dólar em contratos de exportação.
- Análise: Simulação de impacto com dólar +10%.
- Avaliação: Risco inaceitável, pois reduz margem de contribuição em 22%.
- Tratamento: Operação de hedge com contrato futuro.
4.2. Exemplo: Gestão de Riscos de Crédito
- Identificação: Clientes com concentração de vendas > 20%.
- Análise: Score de crédito abaixo do aceitável.
- Tratamento: Definição de limite de crédito e exigência de garantias.
- Controle: Avaliação mensal via sistema de risco.
4.3. Exemplo: Gestão de Riscos de Liquidez
- Identificação: Caixa projetado insuficiente para cobertura de obrigações em 90 dias.
- Análise: Cenários com atraso de recebíveis.
- Tratamento: Antecipação de duplicatas + redução de CAPEX.
- Revisão: Plano atualizado trimestralmente com simulações.
Conclusão
A gestão de riscos financeiros, com foco em riscos cambiais, de crédito, liquidez, mercado e conformidade, deve ser estruturada, integrada e contínua — como recomenda a ISO 31000. Empresas que aplicam essa abordagem não apenas se protegem de perdas, mas também tomam decisões mais inteligentes e constroem confiança com stakeholders.
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